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Palavras de despedida

22/02/2009

Tendo concluído oito anos (quatro mandatos) como membro directivo da AEANG e cerca de dez anos a produzir O ESPOLIADO, entendo ter chegado a hora de me retirar para que outro espoliado da ex-província de Angola, vítima da descolonização exemplarmente trágica, assuma a tarefa, para a qual fui convidado pelos meus amigos Sílvio Correia e Fernando Lucas Martins. Eleito e reeleito em três Assembleias Gerais com as demais personalidades que têm vindo a dar tudo por tudo para que o processo dos espoliados Ultramarinos seja resolvido pela Justiça ou pela via política, sinto que devo ceder o lugar de primeiro Secretário da AEANG a alguém, eventualmente mais novo e com maiores capacidades para o exercício dessa função, que espero ter desempenhado da melhor maneira. Como qualquer ser humano, não me considero infalível nem isento de defeitos, mas reconheço ter algumas virtudes e de ter prestado a colaboração possível à AEANG e ao ESPOLIADO. Esta publicação trimestral, de que é actual Director o Engº Fernando Lucas Martins, conta já com 11 anos de existência devotados à causa dos espoliados de Angola, em particular, e dos espoliados do ex-Ultramar, em geral.

Antes do adeus pela minha saída, quero prestar sinceras homenagens aos anteriores membros directivos da AEANG e recordar os que já nos deixaram para sempre, envolvendo  também os sócios falecidos nesse sentimento sincero. Quero também agradecer a boa colaboração que se verificou por parte dos colegas dos Corpos sociais da AEANG.

Ao despedir-me dos amigos associados da AEANG e dos colegas da Direcção, Conselho Fiscal e Assembleia Geral espero que me relevem qualquer eventual falha, que , a ter acontecido , foi involuntária.

Para além da actividade desenvolvida no que concerne propriamente à defesa dos justos interesses dos sócios da AEANG e da feitura de O ESPOLIADO, satisfaz-me o facto de nos últimos meses ter conseguido, com a colaboração dos outros elementos da Direcção, nomeadamente o seu presidente, uma biblioteca para os sócios, para os jornalistas e para os historiadores. A quase totalidade dos livros, jornais, revistas, mapas de Angola, etc., foram oferecidos por sócios e amigos, a quem, uma vez mais, reiteramos o nosso Bem Haja!.

Finalizo com uma palavra de esperança e outra de confiança para todos os associados, vitimas de um esbulho há 34 anos, e do qual o Estado português é o único responsável por não ter, como lhe competia e lhe era devido, salvaguardar os bens patrimoniais de todos nós que fomos traídos, hostilizados e marginalizados por uma cambada. A palavra de esperança, é de que não desanimem, lutem, colaborem e apoiem a AEANG. A palavra de confiança, é de que a haver Justiça e Democracia em Portugal e o Estado ser de Direito e – já agora, pessoa de bem _ o problema dos espoliados ultramarinos (testemunhas vivas de um acto político abjecto) será resolvido, pois entendo que ainda há governantes e políticos com vergonha, com dignidade e justos. À nova Direcção que assume a responsabilidade de continuar a nossa luta, desejo as maiores felicidades.

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